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Mentalidade de gestão: como podemos aprender com Sartre

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Como temos lidado com nossas dificuldades, no enfrentamento a tantos desafios do dia a dia, sobretudo em um contexto pandêmico, onde temos que nos reinventar a todo momento? De onde encontramos energia para resolver tantos problemas, sejam eles de origem técnica e até mesmo comportamental? Como podemos nos inspirar em Sartre e aprender a desenvolver uma mentalidade de gestão?

Por Kalil Lucena

Hoje quero conversar com vocês sobre esses pontos importantes e que afetam muitos empresários, empreendedores e gestores no desenvolvimento de suas atividades de trabalho, com suas equipes, seus clientes e o mundo como um todo.

Para esse nosso bate papo, quero trazer a discussão pelo menos dois pensamentos de Jean Paul Sartre, filósofo, romancista e dramaturgo francês, e um dos mais importantes pensadores do século XX.

Esses pensamentos nos ajudarão a melhorar o nosso entendimento sobre nossas ações como líderes e repensar o nosso comportamento, nossas atitudes.

Para começar esse bate papo, quero trazer para você a seguinte reflexão:

O que você quer para a sua vida? Enquanto pessoa, o que você almeja? O que você espera do seu trabalho? Enquanto gestor, qual é o seu objetivo? Que caminho você está percorrendo?

É muito comum na correria do nosso dia a dia, nos afastarmos dessas perguntas que são tão importantes para nós.

Como empresários, empreendedores, gestores e líderes não podemos nos perder de um objetivo, de um foco, de um caminho.

No percurso de nossas atividades será comum, por inúmeros fatores, que sejamos levados mais para a direita ou para a esquerda. E isso é normal, vai acontecer, temos que nos adaptar, porém não podemos nos esquecer qual é o caminho efetivo que temos que seguir.


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Essas perguntas quando refletidas e respondidas nos trazem clareza de nossas ações. Elas nos ajudam a ter um norte, um ponto de partida e chegada. Além disso, elas contribuem para que tenhamos mais assertividade em nossas decisões e escolhas.

Essa é uma responsabilidade nossa, a ideia de nos encontrar conosco e definir o caminho que iremos percorrer é um dever nosso!

Em muitos casos ouvimos pessoas dizendo:

“Eu não consegui cursar tal faculdade porque meu esposo não me incentivou”;

Eu não marquei uma consulta médica porque meu filho não ligou na central de atendimento”;

Ou “eu não conversei com determinada pessoa porque ela não me deu abertura”.

Do ponto de vista empresarial, ouvimos:

Eu não consegui aumentar as minhas vendas porque o meu colaborador não se motivou”;

Tenho tido dificuldade de dar feedbacks porque não tenho tido espaço por parte dos meus colaboradores”;

Ou “meu planejamento está falho porque não conseguimos nos reunir para planejar as metas”.

Sartre, na filosofia, chama isso de “má fé”.

Sabemos que muitos gestores e líderes se perdem pelo caminho, se desorganizam por um motivo ou outro e acabam não conseguindo efetividade em seus planejamentos.

Isso pode acontecer, porém o que não podemos fazer é atribuir essa falta de clareza ou objetivo, que depende apenas de nós, ao outro, seja ele quem for.

A responsabilidade é nossa e devemos entender isso.

Não é meu colaborador, meu sócio, meu chefe ou meu cliente que tem a obrigação de me trazer efetividade em minhas escolhas, decisões e busca por resultados.


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Vale destacar aqui que é extremamente importante a contribuição de todas as pessoas da minha empresa e da minha equipe em decisões e estratégias. Porém, somos nós os responsáveis para tocar esses assuntos quando não for possível que esse “compartilhar” aconteça.

Essa reflexão me faz recordar sobre algumas palestras motivacionais que já fiz, quando me apresentam situações do tipo:

Mas, meu chefe não me motiva”; “O meu colega de trabalho torna o clima péssimo e não consigo produzir” ou “meu gestor não conversa comigo”.

Diante deste cenário e mentalidade era preciso fazer com que essas pessoas entendessem que sim, é péssimo um chefe que não motiva a equipe, é péssimo trabalhar com uma pessoa negativa e é péssimo não ter feedbacks e esclarecimentos sobre nossas ações, porém a grande reflexão é:

Até quando eu permito que outras pessoas interfiram e definam em algo que é tão somente meu?

E, penso eu, que é exatamente nessa linha de raciocino que Sartre trata da ideia de “má fé”. Trazendo para nós a decisão de entender que eu sou responsável por tudo aquilo que eu faço e produzo!

Tem um pouco de vitimismo no subliminar dessas reflexões, você não acha?

Aquele gestor ou líder que se acha vítima de todo mundo. Vítima dos colaboradores, do chefe, do cliente, dos processos, do sistema e nunca tem culpa em nada. Nunca é responsável por nada e é sempre culpa do outro o que acontece, mesmo sendo apenas dele a responsabilidade.


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E com isso, vamos para um outro pensamento de Sartre, que eu particularmente tenho como inspiração na minha vida:

Não importa o que fizeram com você, o que importa é aquilo que você faz com o que fizeram com você.

Jean Paul Sartre

Todos nós que vivemos em um ambiente profissional e corporativo sabemos das lutas que batalhamos para alcançar êxito em nossas atividades.

Como empresários e empreendedores somos bombardeados por desmotivações. Seja dos nossos próprios familiares, amigos, colegas de trabalho ou até mesmo aquelas pessoas que nunca nos perceberam, mas elas aparecem do nada, apenas para nos dizer que “isso vai ser um problema”.

Como líderes de equipes, todos fazem questão de comparar as lideranças, de comparar as pessoas, de criticar uma decisão, de não colaborar com um alinhamento e até mesmo remar contra aquilo que temos entendido como certo para o trabalho.

E aqui voltamos lá para o começo do nosso bate papo:  o que você quer para a sua vida? Enquanto pessoa, o que você almeja? O que você espera do seu trabalho? Enquanto gestor, qual é o seu objetivo? Que caminho você está percorrendo?

Se não tivermos respostas claras sobre essas questões, alguém vai ter essa resposta por nós. E em muitas vezes, elas não serão favoráveis como aquilo que eu acredito e efetivamente quero fazer.

Não importa o que fizeram ou vão fazer conosco em nossas atividades, em nosso trabalho; precisamos estar atentos para lidar com isso e entender o que precisamos fazer com aquilo que o outro fez para nós!

Isso é fundamental para o sucesso das nossas empresas, da nossa atuação!


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O que temos feito com a desmotivação do outro lançado contra nós? O que temos feito com o desejo negativo do outro apontado para nós? Como temos lidado com as dificuldades que essas pessoas têm tido em nos ajudar?

Precisamos ter esse olhar para nós mesmos!

As dificuldades vão aparecer, o mercado vai tendenciar para outro lado, teremos que nos desvencilhar de algumas crenças, teremos que parar em certos momentos e reestruturar as estratégias, será preciso pedir ajuda, as situações surreais aparecerão (como neste exato momento, a pandemia). Mas, precisamos entender que, nós não somos vítimas de um sistema. Não podemos deixar nossas decisões nas mãos de outras pessoas. E por fim, o que eu vou fazer com tudo isso que está acontecendo na minha vida, no meu trabalho, na minha empresa, nos meus negócios?

Com esse bate papo eu quero convidar você a refletir, de verdade, sobre esses pontos tão importantes e diria que até fundamentais para o nosso sucesso como empresário, empreendedor, gestor, líder e pessoa!

Esforce a sua mente para pensar sobre esses pontos!

Eu sei que é difícil quando nos deparamos com essas reflexões e as dificuldades em “resolver” essas questões, que são de base cultural muitas vezes. Mas, é o esforço diário, é melhorando um pouco a cada dia que chegaremos lá.

Devemos entender que o processo do autoconhecimento, da autorreflexão é nosso aliado neste caminho que nos faz tão bem, nos faz mais maduros, mais confiantes, mais responsáveis e mais reconhecido, por nós mesmo inclusive, quando nos superamos!

Este espaço de comunicação está aberto para isso, para conversarmos e pensarmos e eu tenho aprendido muito com tudo o que temos conversado até aqui!

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Kalil é palestrante, pedagogo, empresário e especialista em Propósito e Felicidade no Trabalho. Em sua coluna aqui no portal escreve sobre propósito, gestão de pessoas, recursos humanos e motivação.

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As opiniões aqui apresentadas são do colunista e não refletem necessariamente a opinião ou posição do portal Empreender no Mundo.

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