Por que a Kodak faliu? Os gigantes também erram
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Neste artigo vamos mostrar que os gigantes também erram e te apresentar a história da derrocada da Kodak. A Kodak era uma empresa gigante e inovadora, mas não resistiu a uma sucessão de erros e acabou sucumbindo após mais de 100 anos no mercado. Entenda o que aconteceu com ela e por que a Kodak faliu.

Se preferir, assista ao vídeo que fizemos sobre este assunto!

 O Jeff Bezos, famoso empreendedor por trás da Amazon, já afirmou que nenhuma empresa é grande demais para falhar. E o artigo de hoje serve como prova de que essa afirmação dele é sim verdadeira.

Muitos empreendedores pensam que quando suas empresas estiverem grandes o suficiente, eles terão mais estabilidade e vão poder baixar um pouco a guarda, mas a realidade é que estabilidade não existe e baixar a guarda pode ser fatal até para empresas gigantes.

O Flávio Augusto Silva, da Wise Up, repete como um mantra essa frase:

“Estabilidade não existe, e muita gente tem dificuldade em aceitar isso, mas essa é a realidade gente”.

Flávio Augusto Silva, Wise Up

O começo da Kodak:

A Kodak foi fundada nos Estados Unidos em 1888 por George Eastman, que foi o inventor do filme fotográfico. Uma curiosidade interessante é que o nome Kodak não significa nada. É só a letra K, que era a preferida de George, entre uma sequência aleatória de letras, soava bem e, além disso, era um nome curto e fácil de lembrar.

George Eastman, fundador da Kodak
George Eastman, fundador Kodak

Logo a empresa lançou uma série de máquinas fotográficas de baixo custo e fácil operação e assim praticamente criou o segmento de fotografia amadora.

O slogan adotado pela empresa na época foi “Você aperta um botão, nós fazemos o resto”. Vamos combinar que esse slogan transmite bem a mensagem hoje em dia, então pense como foi revolucionário em 1889.

Kodak Brownie
Kodak Brownie

Em 1900, a empresa lançou a câmera Kodak Brownie, que era feita de papelão e custava apenas US$ 1, e isso acabou popularizando a fotografia. Esse produto também acabou marcando a expansão da Kodak para muitos outros mercados ao redor do mundo.

Em 1935, a empresa lançou o primeiro filme fotográfico colorido produzido em massa, que foi um mega sucesso e foi vendido até 2009. Mas, infelizmente George Eastman não conseguiu assistir esse triunfo em vida, pois em 1932 ele tirou sua vida com um tiro.

Kodak e a Segunda Guerra Mundial

Durante a segunda guerra mundial a Kodak assinou grandes contratos com o governo americano e experimentou uma fase de muito crescimento.

Kodak e a segunda guerra
Granada produzida durante a
Segunda Guerra Mundial pela Kodak
| Fonte: WROC

Durante o conflito a empresa chegou até a fabricar granadas em apoio aos esforços de guerra. Foi durante essa época também que a empresa investiu bastante em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, a Kodak chegou a auxiliar no desenvolvimento da tecnologia para fazer os equipamentos de Raio X.

Kodak e o Universo

Na década de 1960, o relacionamento da empresa com o governo americano seguia de vento em popa. A Kodak foi a fornecedora de câmeras e filmes que produziram as primeiras imagens da terra tiradas por satélites americanos. Além disso, a empresa também forneceu o equipamento fotográfico que registrou os primeiros passos do homem na lua.

O começo da fotografia digital

Na década de 1970, a Kodak estava em seu auge. Nessa época a empresa fazia muito dinheiro vendendo câmeras, filmes e também fazendo revelação das fotos. Foi nessa fase que a empresa inventou o que acabaria a destruindo alguns anos depois: a máquina fotográfica digital.

Todo esse dinheiro que vinha do domínio que a Kodak tinha no mercado de fotografia amadora permitia que a empresa investisse muito em inovação, e foi assim, que eles criaram a primeira câmera digital do mundo em 1975.

A primeira câmera digital inventada por eles tinha apenas 0.1 megapixel, o que é quase nada nos padrões de hoje. Mas, a empresa seguiu investindo no desenvolvimento da tecnologia e em 1986 conseguiu uma câmera digital de 1 megapixel. Pouco tempo depois, em 1991, desenvolveu uma câmera digital que permitia ao usuário ver exatamente o que apareceria na foto em um visor, tecnologia presente em qualquer câmera digital hoje em dia.

Outra invenção famosa deles nessa mesma época foram as telas de OLED, que permitiram aumentar muito a qualidade das imagens. Essa divisão de telas foi vendida para a LG em 2009 quando a empresa já estava em crise.

O começo da queda

Com medo de canibalizar as vendas de filmes e de revelação de fotos, a empresa decidiu não lançar no mercado as câmeras digitais.

A Kodak era muito inovadora e detinha muitas patentes, mas optava por não lançar alguns produtos para não prejudicar as boas vendas que tinha com a tecnologia predominante da época. Estratégia essa que se revelaria fatal alguns anos mais tarde.

Camera QuickTake
Câmera QuickTake em parceria com a Apple | Fonte: Gmhofmann at de.wikipedia

Em 1994, a Kodak lançou a câmera QuickTake, em parceria com a Apple de Steve Jobs. Um fato curioso é que anos depois, quando foi lançar o iPhone, o Steve Jobs teve que lidar com o mesmo problema e canibalizar o iPod.

Em 1996, eles lançaram as câmeras digitais DC-20 e DC-25, mas mantiveram os modelos como algo de nicho. A Kodak decidiu não fazer grandes esforços para divulgá-las, pois a liderança da empresa não conseguia imaginar um futuro sem filmes fotográficos.

Essa morosidade da Kodak acabou abrindo espaço para que outras empresas como a Canon, a Sony e a Fuji lançassem seus produtos primeiro. E isso ajudou essas empresas a se tornarem cada vez mais eficientes em termos de produção. Como resultado, a Kodak acabou ficando em uma posição reativa e pouco competitiva.

Hora de reagir!

No início dos anos 2000, sob comando de um novo CEO, a Kodak resolveu entrar de vez na nova tecnologia. E a empresa conseguiu abocanhar 25% do mercado norte americano de câmeras digitais. Mas, eles falharam novamente. A empresa não tinha preparado sua cadeia de suprimentos para a mudança, e no final estavam perdendo US$60 por cada câmera vendida.

Enquanto eles amarguravam prejuízos com as câmeras digitais, as concorrentes eram mais eficientes e conseguiam lucrar com o produto. Após os atentados terroristas de 2001, as pessoas passaram a usar as câmeras digitais cada vez mais e as vendas de filmes começou a despencar.

A empresa achou que esse movimento era devido ao 11 de setembro. Assim, pensaram que se focassem seus esforços de marketing em seus filmes e câmeras antigas, poderiam reverter a situação e diminuir a agilidade da mudança. Porém, mais uma vez eles estavam errados.

As concorrentes que seguiam apostando no mercado digital cresciam e o marketshare da Kodak passava a ser cada vez mais tímido. Atingindo 15% em 2003 e 9% em 2009.

Os lançamentos de concorrentes como a Go Pro conquistaram os clientes em nichos específicos e a Sony tinha tomado o mercado de máquinas digitais amadoras para si. Como resultado, não havia mais muito espaço para a Kodak.

Por fim, quando os smartphones chegaram com força, a situação da empresa ficou ainda mais delicada.

A queda final

Em 2010, a crise tomou conta da empresa, que deixou de fazer parte do índice S&P 500. E isso demonstrava que ela já não era mais uma das principais empresas norte americanas. A companhia nessa época já estava gastando mais do que arrecadava e começou a queimar todo o caixa que tinha muito rapidamente.

O desespero tomou conta. A empresa começou a vender suas patentes para outras empresas de tecnologia, como a Apple, o Google, o Facebook, a Microsoft e a Amazon.

Com vendas mirradas e tendo vendido boa parte da tecnologia que tinha para seus concorrentes, não restou outra opção se não pedir falência. Durante esse processo a empresa conseguiu um crédito de US$950 milhões junto ao Citibank. Porém, esse empréstimo permitiu salvar somente uma pequena parte do que antes fora uma das maiores empresas americanas.

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Esperamos que este artigo tenha sido esclarecedor para você. Estamos formando uma legião de empreendedores bem-sucedidos, vamos juntos?

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